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sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

50 anos da Revolução!!


Segundo Carlos Trejo, cônsul de Cuba em São Paulo, mesmo após meio século da vitória dos homens de Fidel sobre o exército de Fulgencio Batista, regime socialista segue fortemente consolidado

31/12/2008
Igor Ojeda e Tatiana Merlino da Redação
Em Cuba, ninguém deseja o retorno ao capitalismo. O que o povo quer é um socialismo melhor e mais profundo. As palavras de Carlos Trejo, cônsul cubano em São Paulo, procuram não deixar dúvidas quanto à consolidação dos princípios da Revolução entre a população do país. Segundo ele, as transformações profundas pelas quais passa a ilha caribenha desde janeiro de 1959 fazem com que seus habitantes não abram mão do sistema implantado por Fidel Castro.
Em entrevista ao Brasil de Fato, o diplomata reconhece (e celebra) o fato de que os cubanos tenham inúmeras críticas aos dirigentes e aos rumos do regime, mas, sempre, com um espírito de aprimoramento. “O cubano sempre acreditou na necessidade de renovação constante. Em Cuba, começamos a renovação em 1959, e não parou. Continua mudando, aperfeiçoando. E vamos seguir assim”. Leia, a seguir, trechos da entrevista.
Brasil de Fato – Passados 50 anos do triunfo da Revolução, quais são seus principais legados?
Carlos Trejo – A primeira conquista foi o resgate da memória histórica do país, de suas lutas. Em segundo lugar, o cubano deixou de se sentir um cidadão de segunda ou terceira classe. A dignidade cubana é tão grande que até aqueles que decidiram deixar o país não aceitam imposições. E, quando chegam a países capitalistas, querem se projetar como se estivessem em Cuba. Na ilha, o trabalhador não aceita pressão de um empregador ou uma decisão injusta. No capitalismo, não é assim. O dono diz: “é assim, se não gosta, vai embora”. Além disso, em Cuba, cada coisa é feita, praticamente, com a participação de todos. Para as decisões mais importantes do país, na esfera social, econômica, política, é necessário um referendo. Atualmente, há em curso um referendo para mudar a idade de aposentaria que já é motivo de seis meses de discussão em cada centro de trabalho, bairro, em toda parte do país. Em qual lugar no mundo o governo consulta a população para promover uma mudança desse tipo? Se você pergunta o que os cubanos acham do sistema, eles respondem que há dificuldades, problemas, e que querem refrigerá-lo. Porque esse não é o socialismo que queremos. Queremos um socialismo ainda mais profundo. Em Cuba, aceita-se com muito pesar as atividades na economia privada. Porque estamos acostumados com o fato de que o que temos é distribuído para todos. A unidade é outro aspecto muito importante, porque tem permitido que o socialismo cubano tenha uma couraça de aço que o protege dos americanos. Há outras coisas inegáveis: a economia cubana não tem nada a ver com a economia de 1959 e de muitos países da America do Sul. Éramos um país que só produzia açúcar para os Estados Unidos e nada mais. Hoje, em Cuba, o açúcar é importante, mas não é o principal produto da exportação. O principal é uma produção de valor agregado, como a biotecnologia, a engenharia genética, que é de ponta no mundo.

Nesses 50 anos, quais foram principais obstáculos, tanto internos quanto externos?
Internamente, foi o subdesenvolvimento que o país herdou. Quando a Revolução chegou ao poder, perto de 30% da população era analfabeta, 25% era analfabeto funcional, havia um desemprego gigantesco... Por conta desse cenário, a primeira decisão do governo revolucionário foi fazer a campanha de alfabetização, tirar as pessoas da escuridão. A mulher era basicamente objeto de satisfação do homem. Havia o jogo, a droga. As principais figuras da máfia americana estavam em Cuba, e eram proprietárias de cassinos. Um dos principais problemas que nós tivemos, já em 1959, 1960, foi que, dos seis mil médicos que havia em Cuba, três mil foram embora estimulados pelos EUA. E havia uma dívida social enorme com a população: a expectativa de vida estava abaixo de 60 anos. A pobreza era enorme, principalmente no campo. Outra dificuldade foram as tentativas dos EUA de evitar o triunfo da Revolução Cubana. Nosso povo nunca teve paz para traçar seu caminho para o desenvolvimento. Afortunadamente, estabelecemos relações amistosas com o campo socialista. É claro que havia diferentes pontos de vista, mas as relações eram muito respeitosas. A dificuldade foi quando o bloco socialista, com quem Cuba tinha 80% do seu comércio, caiu. Os americanos aproveitaram para reforçar o bloqueio. Ficamos na pior situação de toda nossa história.
Com relação à condução do processo revolucionário em Cuba, quais foram as decisões equivocadas?
O entusiasmo do país com o avanço rápido que a sociedade cubana estava tendo. Achávamos que o socialismo estava na esquina. E começamos a implementar muita coisa do socialismo profundo, quando ainda não tínhamos conquistado algumas coisas importantes. A gratuidade, por exemplo. Claro que é importante ter saúde, lazer, cultura de graça, mas tinha muita coisa que era dada gratuitamente, como roupa e comida. Mas o essencial era a necessidade de transformar a realidade econômica e social do país. E, para se desenvolver, é necessário criar um capital humano forte. Isso foi criado. A certeza dessa decisão aparece hoje em seus projetos.

Carlos Trejo é cônsul geral de Cuba em São Paulo.
fonte: Brasil de Fato

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