Dando continuidade ao texto da semana passada, em que escrevi um pouco sobre a característica móvel das fronteiras russas, a diversidade étnica e cultural do país e a formação do Império russo no fim da Idade Média. Estas São informações importantes para entender a visão de mundo que os soviéticos herdaram do Império Russo e a influencia que isso teve na formação e desenvolvimento da URSS.
O nascimento do Estado russo remota ao século IX, com tudo a formação do Império Russo se deu apenas no século XV. Ao contrário do que se observou no Ocidente, na Rússia a estrutura política produziu a sociedade, o Estado Russo á forjava de acordo com seus interesses, A Igreja Ortodoxa, por exemplo nunca conheceu as regalias que a Igreja Católica tinha na Europa Ocidental, na Rússia a Igreja sempre esteve submissa ao Tzar.
O Estado absolutista russo teve seu auge nos reinados de Pedro o Grande e Catarina II.
Pedro O Grande foi o grande modernizador da Rússia. Obteve uma importantíssima vitória militar na região do báltico garantindo para a Rússia uma saída para um mar navegável, já que o mar do norte fica a maior parte do ano congelado impossibilitando a navegação. Foi uma tentativa de inserir a Rússia no progresso econômico do Ocidente. Nessa região foi fundada uma fortaleza que daria origem à cidade de São Petersburgo.
Pedro o Grande ordenou a ida de arquitetos, engenheiros e pintores, principalmente franceses e italianos, pois pretendia que a cidade fosse também a nova Capital do Império.
São Petersburgo seria dali em diante o palco dos principais acontecimentos políticos do Império Russo, Foi em São Petersburgo quase duzentos anos após a morte de Pedro que surgiriam os distúrbios que derrubariam o Tzar Nicolau.
Sob o governo de Catarina II vieram novas conquistas territoriais e seguiram-se os avanços econômicos, o Império já era uma potencia mundial. Porem apesar de todas as reformas no sentido de europeizar o império, as estruturas sociais permaneciam arcaicas. No final do século XIX e inicio do século XX o regime tzarista estava decadente e o país ainda mantinha inúmeras características de um regime feudal, embora tentasse a todo custo industrializar-se.
Isso deu origem a uma classe de trabalhadores urbanos que passaram a se reunir em sindicatos, era um período de efervescência revolucionária e a guerra com o Império Japonês (1904-1905) foi o estopim de uma manifestação que acabaria sendo reprimida violentamente ficando conhecida como “domingo sangrento”.
Os opositores ao regime haviam se dividido basicamente em dois grupos Bolsheviques (do russo maioria) e mencheviques (minoria).
O menheviques defendiam idéias reformistas visando transformar a Rússia em um país moderno de características liberais.
Os bolsheviques liderados por Lênin queriam a total ruptura com o sistema vigente e a imediata implantação da ditadura do proletariado.
O domingo sangrento foi seguido de uma onda de protestos por todo o império, greves gerais e revoltas militares como a do Encouraçado Potequin no mar negro.
A agitação revolucionaria impulsionava a formação dos Sovietes (conselhos de trabalhadores) ao mesmo tempo que o Tzar aceita a implantação da Duma (parlamento)
1917
A Rússia era um país miserável no inicio do século XX, todos os tipos imagináveis de desgraças sócias se abatiam sobre um país extremamente arcaico, o frio e a fome e doenças dizimavam a população, no exterior as forças russas conheciam derrota atrás de derrota no teatro de operações europeu da I guerra mundial. Boa parte do território encontrava-se ocupado pelos alemães e as então regiões do império: Finlândia, Estônia, Bessarábia e Ucrânia proclamavam independência.
Em Fevereiro de 1917 o Tzar foi deposto e substituído pela Duma presidida pelos mencheviques, porém comprometidos com as potencias aliadas que representavam os principais investimentos capitalistas no país o governo parlamentar menchevique (grupo do qual Leon Trotsky havia participado) manteve o país na Guerra atendendo aos interesses dos Bancos europeus que tinham altas quantias investidas na Rússia e temiam as perdas destes investimentos caso os bolsheviques subissem ao poder.
Lênin buscou apoio internacional, especialmente da Alemanha (parte interessada em que a Rússia se retirasse da Guerra) enquanto isso Trotsky organizava a milícia (Guarda Vermelha)
Outubro de 1917, os Bolsheviques tomam o poder.
Após um rápido avanço a guarda vermelha destitui os mencheviques e sob a liderança de Vladmir Lenin a Rússia se retira da guerra, Trotsky cuida dos assuntos externos e Josef Stalin dos negócios Internos.
A Guerra Civil.
O novo governo comunista além de enfrentar a resistência interna (Os chamados Brancos) tinha um desafio ainda maior, pois haviam acabado de assinar a paz com a Alemanha e via suas fronteiras invadidas pelas potencias aliadas da I Guerra, japoneses nas fronteiras orientais, ingleses a oeste e americanos na Sibéria, foram por volta de 14 países que tentaram sem êxito esmagar a Rússia de Lênin. Este episódio marcaria profundamente a maneira com que a futura União Soviética se relacionaria com o Ocidente.
O governo de Lênin teve por base o comunismo de guerra, que confiscava a produção para financiar o esforço de guerra contra os brancos e as potencias do ocidente.
Com a vitória vermelha, Lênin estabeleceu a NEP de (nova política econômica) 1921 a 1928. Passava a caber ao Estado cerca de 10% da produção camponesa. O restante poderia ser dirigido livremente ao mercado, assim estimulando a produção e o abastecimento. Estes ingredientes capitalistas foram resumidos por Lênin com a seguinte frase: “dar um passo atrás para poder dar dois passos a frente” em 1923 é oficializado o novo nome do país “União das Repúblicas Socialistas Soviéticas”.
Acompanhada a NEP surgia uma enorme organização estatal, o estado passou de 600 mil funcionários em 1910 a cerca de 4 milhões em 1928. Surgiriam as policias políticas a “tcheka” e posteriormente a “GPU”, toda essa imensa organização que surgia ligava-se umbilicalmente ao partido comunista (centralismo Leninista) que seria seguido e adaptado por Stalin.
A morte de Lênin em 1924 precipitou uma disputa pelo poder soviético entre Josef Stalin (continuador das políticas leninistas e impulsionador do marxismo na URSS) e Leon Trotsky (oportunista ex menchevique).
No governo de Stalin a União Soviética conheceu um desenvolvimento vertiginoso, foram implantados os planos qüinqüenais (planos de metas) encerrou-se a NEP (já não era mais necessária) e deu-se um grande salto econômico baseado na industria pesada, A Rússia que na época do Tzar era uma sociedade praticamente feudal alcançaria em menos de 20 anos após a revolução comunista o patamar de uma potência mundial rivalizando com os estados unidos, o analfabetismo foi erradicado da União Soviética, era como se um raio atravessasse o país e 200 anos se passassem em um dia, foi um avanço social e econômico sem precedentes na historia da humanidade.
Próximos conteúdos:
A disputa Stalin X Trotsky
Trotsky do exterior prega a contra-revolução e sabotagem na União Soviética
II Guerra (Grande Guerra Patriótica)
Governo Josef Stalin – Educação, Cultura, Ciência. Estado de Bem estar social. A plenitude Socialista
Gulaks – As verdades sobre as prisões da Siberianas.
1953 A morte de Stalin. O revisionismo. O começo do fim.
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3 comentários:
Ôô Tio Bin, eu gosteei desse tbm, e é um dos assuntos de história que mais me interessa..
Vc colocou para os próximos conteúdos a morte de Stálin, mas eu gostaria que vc comentasse tbm a de Trotsky, que parece ter sido a machadadas, não ?
É interessantíssimo ler assuntos relacionados a esse tema.
Beeijo, Pá
Eu Falei Com O Sergio Ele Disse Que Colocará Sim E Eu Tb Lembrar Da morte Daquele Sacripanta é Sempre Bom
haha foi com um martelo de alpinista. vou tentar escrever no domingo.
Vladmir Vadmirovich Putin.
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